Escrevo este post ainda profundamente aterrorizado, após ter visto a morte psicológica (que, convenhamos, não deve estar longe) pairar diante dos meus olhos. Ainda que tenha enfrentado a situação com a bravura exigida a um guerreiro arronchense, agora que a situação acalmou redijo estes acanhados parágrafos com mãos titubeantes. E quem me fez ver a desgraça que se podia ter abatido sobre o covil felino foi uma outra sócia CETiana (que não a do post anterior). Passo a descrever a situação, por muito delicado que me seja recordar este passo:
Ao início da tarde de 5 de Maio de 2007 ouço a campainha da furna onde Zé Gato passa muita da sua quixotesca existência. Sem ter noção do perigo, acerco-me do intercomunicador para saber quem chamava por mim. Eram duas senhoras de idade que desejavam falar com o B. (também ele sitiado na mesma furna que Zé Gato). Uma vez que este não se encontrava presente informei as senhoras que B. estava ausente. A senhora insistiu que precisava de falar com B., mas, uma vez que este se encontrava mesmo desaparecido, persisti na minha resposta. A dita senhora apresentou-me então um argumento que me deixou de orelha afitada: “preciso de entrar p’ra ver se o B. tem uma revista!”. Ora que tipo de literatura podem ter uma senhora e B. (um homem na casa dos 20) em comum? Não sei, mas nem quero pensar nisso. Já em desespero de causa a senhora tentou iludir Zé Gato afirmando que eu deveria abrir a porta porque ela precisava de entrar no prédio de qualquer forma. Ainda e sempre mantendo a minha resposta negativa, voltei para o computador onde encetei uma conversa com uma sócia CETiana que me fez ver o risco que havia acabado de correr.
Segundo esta camarada, eu teria sido uma putativa vítima de um “gangue das velhotas a tentar encontrar jovens machos sozinhos em casa, eles deixam-se ludibriar pelo ar inofensivo das senhoras, abrem-lhes a porta e ... pumba! Sevícias corporais!”. Não contente com o sobressalto que a situação me havia provocado, esta condiscípula prossegue a sua divagação sobre senhoras idosas/sevícias corporais com “ [homens] loucamente violados pelas velhinhas desdentadas”. Riso confirmado quando lhe afiancei que as senhoras tinham seguido caminho e tentado sodomizar alguém no prédio seguinte – “a esta hora já saciaram toda a luxúria e deixaram o jovem macho humilhado a chorar agachado no chuveiro”, disse!
Esqueçam os Jeovás, os Mórmones, todas essas pessoas que vos acordam cedo para espalhar a palavra do Senhor. O verdadeiro perigo são as senhoras idosas de peles descaídas e lábios encarquilhados… be afraid, be very afraid!
"Anda cá dar-me um beijinho!"